O Sanatório Naval em Nova Friburgo – O BERIBÉRI EM FRIBURGO - Parte VI

Depois de narrar a trajetória do Sanatório Naval em Nova Friburgo, vale à pena a transcrição de alguns trechos da brilhante defesa de Rui Barbosa, que impediu que o Sanatório Naval se implantasse no centro da cidade. Não fosse Rui Barbosa, o Sanatório Naval estaria atualmente no coração da cidade, instalado onde é o Colégio N.S.das Dores e completando 119 anos em Friburgo e não, o seu centenário. Na primeira parte, a carta de Rui Barbosa contra a aquisição do Instituto Hidroterápico, que ficou conhecida na imprensa como “O Beribéri em Friburgo”:
“Ao nobre Ministro da Marinha vimos endereçar hoje uma petição em nome do povo de Nova Friburgo e dessa parte seleta dos habitantes do Rio de Janeiro, que atualmente procura nas amenidades daquele bom clima refúgio precioso contra as inclemências do verão nesta capital (...) somos o eco, rigorosamente exato, das apreensões, sob que se acham, quase aterrados, os habitantes daquela região, digna, por mais de um título, de especiais atenções por parte do governo.(...)Tivemos a franqueza de reprovar essas medidas(...)e contrariaram seriamente os da população permanente e flutuante de Friburgo, ameaçando-a na sua salubridade(...)A presença da marujada desenvolta, sem freio possível de disciplina, nem repressão policial exeqüível, nas condições do lugar e nas relações inevitáveis desses hóspedes para com ele, têm sido um elemento de insegurança, desordem e alvoroto entre os hábitos morigerados e pacíficos daquele povoado, promovendo cenas inquietadoras, alterando a tranqüilidade patriarcal daqueles sítios, e trazendo as famílias em contínuos receios, justificados por incidentes, que se multiplicam, e engravescem com o decorrer do tempo.(...)É o caso estar se negociando por parte do governo a compra do estabelecimento Éboli cujas duchas são um dos atrativos capitais à corrente, que todos os anos se dirige para ali, em procura de ares e banhos medicinais. A inserção da enfermaria naval no centro do povoado seria para ele verdadeira calamidade. Alterar-se-iam, com essa inovação deplorável, todas as condições de paz, higiene e recato, que constituem o principal encanto daquela estação de saúde, e fazem dela esse doce abrigo remansoso e abençoado, para os que carecem de pedir à natureza, em regaços como aquele, restauração das forças do espírito e do corpo. Friburgo despojado de seu instituto público de hidroterapia e habitado pela maruja, não seria mais Friburgo. Toda a população adventícia, que o cobiça seis meses em cada ano, desertaria, parte da indígena ver-se-ia obrigada também a abalar pouco a pouco, e o resultado seria a decadência, a ruína, a extinção daquela colônia formosa e prestantíssima em breve tempo, se de pronto lhe não acudissem com o remédio reparador..."
A seguir, a argumentação de Rui Barbosa quando da aquisição do Hotel Leuenroth:
“Anda, com efeito, estes dias, outra vez, o Ministério da Marinha em diligências, para dotar Friburgo de um bem organizado centro de peste. Variou apenas a escolha do Instituto Eboli para o Hotel Leuenroth. (...)aquela singela casaria...não é só o albergue dos hóspedes, que a ocupam: é o refúgio comum de todos os veranistas nas horas menos frescas da estiagem por aquelas serras. Ora aí está o que se imagina transformar agora numa estação matalotes e num viveiro permanente de epidemia. Este projeto é a extinção de Friburgo......” .

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