A bicicleta foi inventada em 1839, mas ela apenas surge em Nova Friburgo no final do século XIX. As ruas e as praças, não obstante apresentarem traços de contigüidade com o mundo rural, já possuíam elementos de modernidade, como as bicicletas, um luxo à época. Inúmeras bicicletas já circulavam pela cidade e exigia-se que os ciclistas, à noite, tivessem marcha moderada e a lanterna acesa, pois a população friburguense ainda não se habituara com essa modernidade. Os meninos também exibiam outra novidade, os velocípedes. Com a chegada dos veranistas em Nova Friburgo ao final do ano, se projetavam vários eventos para a temporada na cidade. As corridas de bicicleta eram a great attention do verão friburguense. A então Praça 15 de Novembro(atual Getúlio Vargas) era transformada no Velódromo Friburguense. Eduardo Salusse, de tradicional família da cidade, criou em 9 de abril de 1899, o Bicyclette Club Friburguense, destinado a competições desse veículo. Além de ser considerado um divertimento, era ainda um exercício físico de primeira ordem para robustecer o corpo e dar um porte atlético.
As corridas de bicicleta eram realizadas aos domingos, sempre ao meio-dia. A presença de juízes de partida, de chegada e juízes de raia dava uma conotação de que a disputa era acirrada entre os participantes, muitos dos quais vinham da capital federal. Essas corridas tinham normalmente seis páreos, com uma média de seis participantes em cada um, os quais distribuíam prêmios como medalhas de ouro, prata, bronze e caixas de champanhe. Quando os ciclistas friburguenses participavam de torneios fora da cidade e retornavam como vitoriosos, eram recebidos na gare da estação com grande festa pela população que os acompanhava até as suas residências gritando VIVAS durante o trajeto.
Tendo na comissão organizadora Eduardo Salusse, um campeão da cidade, esses eventos restringiam-se à elite local, a exemplo do barão de Mesquita, que servira como juiz de partida. Próximo ao velódromo, encontrava-se o Botequim do Velódromo Friburguense, e após as partidas os ciclistas se regalavam com cervejas nacionais e estrangeiras, chopp gelado, vinho do Porto, cognac, vermout, champanhe Veuve Clicquot, sorvete, frutas, sanduíches e pastéis.
Alguns anos mais tarde, a bicicleta será um meio de locomoção das classes populares, a exemplo dos operários. Os industriais alemães financiaram esse veículo para que seus funcionários não atrasassem nas fábricas, já que não havia ainda a companhia de ônibus na primeira metade do século passado. A cidade, no final do século XIX, já deveria possuir muitos ciclistas, já que havia anúncio de conserto de bicicletas em um jornal da época, além de uma reclamação sobre a necessidade de o Código de Posturas regular o trânsito delas, pois já vinham causando atropelamentos de transeuntes.
Observação: todas as fotos são de eventos ocorridos em Nova Friburgo.
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