(...)é incontestavelmente uma das regiões mais aprasiveis do Estado do Rio de
Janeiro (…) mas nenhum arredor da circunvisinhança excede em perspectiva, com
topographia e em riqueza natural à Sebastianna; (…) Ahi frue-se a ineffavel
ventura de aspirar a brisa oxigenada, e saturada do aroma suave das flores que
ingrinaldam as cumiadas das serras revestidas de mattas frondosas, muitas dellas
virgens ainda da foice devastadora do lenhador (…)
Surprehende! O viajante
que transita pelos caminhos sinuosos entre montes e valles que constituem o
território de Sebastianna, por vezes pára extupefacto ante o espetáculo que a
natureza lhe offerece nas suas múltiplas paisagens, que recordam ao touriste as
quadras campestres da Suissa pittoresca (…). Causa pasmo a uberdade de suas
terras. Além das differentes culturas adaptáveis ao clima taes como variedades
de leguminosas, feculentas saccharinas, etc., apreciei sorpreso as plantas
européas cultivadas com resultados admiráveis.
Assim é que vi pêras
succulentas, maçans, nozes, cerejas, enfim todas as fructas que importamos ao
estrangeiro, inclusive uvas oriundas de vários pontos de Portugal, que se
prestam perfeitamente à extracção do vinho cujo sabor é idêntico ao dessa
procedência; amoreiras altas e frondosas que convidam o industrialista a
applical-as a cultura do bicho da seda; (…) o linho, as forragens como a alfafa
e o feno que nos vem da América do Norte por preços elevados, em suma, o
estrangeiro que visita estas paragens fica attonito diante de tal fertilidade
prodigiosa despresada pelos lavradores brasileiros que só crêm n’uma riqueza
real a proporcionada pela lavoura do café. É deplorável este rotineiro costume
enraigado nos nossos longevos agricultores que se dedicam exclusivamente a
unicultura, a do precioso grão rubeáceo, cuja safra diminue consideravelmente
como o provam as ultimas estatísticas (…) doptado de todas as condições
mesologicas para uma lavoura ampla, racional que explore a polycultura de
accordo com os princípios modernos da agronomia, pode tornar-se o celleiro dos
mercados da Capital e d’ahi uma fonte inexhaurível de riqueza para o Estado.
Convém, entretanto dizer que para attingir esse desenvolvimento é imprecindível
que se estabeleça vias de comunicação com os centros consumidores o que se
conseguirá fácil e sem grande dispêndio pelo prolongamento da Estrada de Ferro
Grão Pará n’um percurso (…).
Realisado este emprehendimento os productos que
se destinam ao Rio de Janeiro serão transportados com presteza e dissipar-se-á o
desanimo que aniquilla toda a iniciativa da lavoura em grande escala, da parte
dos fazendeiros de Sebastiana, que só dispõem de tropas de animaes como meio de
conducção, insufficientes para darem vasão aos productos agrícolas, cuja maior
parte se deteriora exposta a acção do tempo, como se deu neste ano com trinta
mil arrobas de marmellos colhidos nesta zona requíssima, que bem podia concorrer
com o contingente precioso para a receita do Estado, se não fora o olvido a que
a condemnaram (…).