Vila de Nova Friburgo, por Debret.
Giuseppe Arcimboldo.(1527[?]-1593 [?]). Pintor italiano.
Historicamente, Nova Friburgo foi criada justamente para abastecer o mercado da Corte, ou seja, o Rio de Janeiro. No início do século 19, o plantio do café deslocara muitas terras e mão de obra escrava no cultivo desse produto, o mais rentável à época. A economia do Brasil já se baseava na exportação do café, em franca expansão. Logo, produtos como milho, feijão, mandioca e carne já estavam desaparecendo da mesa dos cariocas. A maior parte dos agricultores não queria se dedicar ao cultivo de alimentos, mas tão somente ao ouro verde: o café. Logo, D. João VI deu início a política de colonização, objetivando o plantio de gêneros alimentícios para abastecer a Corte, através de imigrantes estrangeiros. Um decreto de 1818 destinou a Fazenda do Morro Queimado para o assentamento de colonos suíços. Essa antiga fazenda, composta de quatro sesmarias, hoje é Nova Friburgo. Em um pitoresco vale, entre grandiosas montanhas, foi criada a vila de Nova Friburgo, em 1820, para abrigar a “Colônia dos Suíços”, a primeira do Brasil. No entanto, as datas de terras no perímetro do “Núcleo dos Colonos” não eram úberes o suficiente para a agricultura, sendo localizadas em terrenos íngremes ou repletos de brejos. Boa parte das terras distribuídas aos colonos suíços foi abandonada. Em 1824, colonos alemães foram encaminhados para a vila de Nova Friburgo. As terras inférteis abandonadas pelos suíços foram distribuídas aos colonos alemães. Por conseguinte, metade deles se deslocou para outras regiões em busca de terras mais produtivas, como Cantagalo, Barra Alegre, Rio Bonito e São Leopoldo, no sul do país.
Cumpre destacar que somente as glebas coloniais do “Núcleo dos Colonos” eram consideradas inférteis, pois Nova Friburgo possuía uma extensão territorial com terras produtivas, que lhe retiravam a pecha de região com terras sáfaras. Nova Friburgo possuía quatro freguesias: A Freguesia de São João Batista, a vila, a Freguesia de São José do Ribeirão, atualmente Bom Jardim, Nossa Senhora de Paquequer, hoje Sumidouro, e Sebastiana, atualmente compreendendo o cinturão agrícola de Campo do Coelho, Conquista, Salinas e parte de Teresópolis. São José do Ribeirão e Paquequer eram importantes regiões agrícolas, cultivando inclusive o café. Na realidade, parte do desenvolvimento de Nova Friburgo ocorreu devido ao seu clima salubre. A partir de 1830, Nova Friburgo encontra a sua verdadeira vocação, vingando como uma aprazível estação de verão. Foi desde então refúgio dos cariocas que fugiam do calor do Rio de Janeiro e dos que procuravam a saúde do corpo, como a cura da tuberculose, quando se acreditava que o clima era um fator determinante na cura da doença. A partir da segunda metade do século 19, quando começam a grassar as epidemias de febre amarela no Rio de Janeiro, Nova Friburgo ganha mais visibilidade atraindo uma chusma de cariocas em todo o verão, ponto alto das epidemias.
Já no último quartel desse século, recebeu significativa imigração de italianos, fomentando o comércio e a área de serviços. Imigraram ainda para Nova Friburgo, desde então, em menor proporção, libaneses, espanhóis, húngaros, austríacos e japoneses. É sempre bom lembrar a imigração forçada de africanos, na condição de escravos, ao município. A partir de 1910, empresários alemães estabeleceram indústrias de grande porte na cidade, alterando significativamente a estrutura social e econômica do município. Pode-se afirmar que Nova Friburgo passou a ser uma cidade industrial. Com a diminuição da atividade dessas grandes indústrias, a partir da década de oitenta do século 20, a economia de Nova Friburgo passou a girar em torno de pequenas e médias empresas metalúrgicas e de um grande pólo de moda íntima, essas últimas estabelecidas por antigos funcionários das indústrias têxteis. Como vimos, Nova Friburgo tem uma história nada monolítica.
Há quase dois séculos, cariocas e fluminenses, quando tressuam esbaforidos devido ao calor escaldante do verão, procuram o frescor do clima das montanhas de Nova Friburgo. O município curou igualmente os que se convalesciam da tuberculose. Nova Friburgo coloca diariamente, na mesa dos cariocas, hortaliças e verduras do amanho de suas terras.
Depois da tragédia do dia 12 de janeiro, enterramos nossos mortos, choramos nossas perdas e mal absorvemos ainda o que aconteceu com Nova Friburgo. Porém, corre nas veias dos friburguenses o sangue de portugueses, africanos, suíços, alemães, italianos, libaneses, espanhóis, japoneses, austríacos e húngaros. Logo, vamos transformar essa babel de nacionalidades que correm em nossas veias para reconstruir a cidade e colocá-la no status que possuía no passado: a de mimosa bonina e princesinha do Estado do Rio de Janeiro.
Arcimboldo
Arcimboldo
1 Response to "12 DE JANEIRO: NOSSO 11 DE SETEMBRO"
Hoje é 11 de fevereiro de 2014.
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