Mecklemburgo
D. Pedro I poderia ter dado continuidade à política de colonização em substituição da mão de obra escrava pela livre, iniciada por D. João VI. Mas a política de assentamento de colonos não estava em seus planos. Prevaleceu a improvisação, como foi o caso de Nova Friburgo, dando aos colonos alemães terras inférteis abandonadas pelos suíços, situação somente superada pelo esforço pessoal de cada uma das famílias de imigrantes. O Imperador tinha preocupações maiores e realmente muito mais importantes à época: a consolidação da independência do Brasil, preparando-se para um possível conflito contra Portugal, a guerra contra a Argentina na Questão Cisplatina e o movimento separatista das províncias do nordeste. O Imperador-soldado voltou sua atenção tão somente para os mercenários, não importando a sua origem. Essa atitude gerou um trauma na população brasileira refletida até o final do século 19. Assim escreveu um jornal de Nova Friburgo: “...O Brasil vai a vapor na via do progresso agrícola, começando pelo estado do Rio de Janeiro que nunca acaba de fazer experiências no ramo imigração(...)vai mandar proceder a mais rigorosa limpeza nas ruas dos países estrangeiros e transportar o lixo para este estado, onde chegara enfardado..”. (O Friburguense, 5-12-1895).
Era esse o sentimento dos friburguenses e dos brasileiros, ao final do século 19, em relação à maior parte dos imigrantes. Queixavam-se que recebíamos o “lixo” da Europa. Vigorava entre os brasileiros a máxima romana: hospes hostes, isto é, estrangeiros são inimigos. A Europa passava por uma crise de superpopulação. No plano econômico, os Estados Alemães ainda viviam, em linhas gerais, numa estrutura feudal, com exceção da Prússia. Recordemos que a Alemanha somente seria unificada em 1871. Antes disso, o território germânico era constituído por 39 Estados, divididos em diferentes reinos, ducados e cidades livres, que apenas tinham em comum a mesma a língua, o alemão, e a mesma cultura. Os Estados Alemães fizeram certa vista grossa sobre as ações de Schäffer em arregimentar mercenários, que era proibido. A contrapartida para essa indulgência foi obrigar Schäffer a levar cidadãos desocupados e criminosos dos Estados Alemães, como foi o caso do navio Germânia que despachou como soldados muitos presidiários de Mecklemburgo. Aliás, essa é uma prática muito comum na história da emigração na Europa. Portugal assim o fez em relação ao Brasil no período colonial, mandando a ralé lusitana para povoar a Colônia; a Inglaterra igualmente o fez quando colonizou a Austrália. Dos suíços que imigraram para Nova Friburgo, havia entre agricultores e artífices muitos criminosos que tiveram suas penas comutadas em degredo para o Brasil.
Logo, era uma prática muito comum os países esvaziarem as suas prisões enviando a escória da sociedade, como colonos, às nações emergentes, constituindo uma política de verdadeira depuração nacional. Isso sem contar no envio de desocupados e mendigos que povoavam as cidades européias, todas com excesso de população e que passavam fome e privações. Possivelmente se Schäffer não tivesse aceitado incorporar entre os emigrados essa malta de criminosos e desocupados, dificilmente teria a liberdade de ação que teve junto aos Estados Alemães para contratar os mercenários de que carecia para formar o Regimento de Estrangeiros no Brasil. D. Pedro I desejava soldados e não colonos. Esses soldados eram o que o Imperador necessitava para a Guerra da Independência, Cisplatina e sufocar rebeliões internas, pois quase todos os alemães daquela geração eram veteranos das guerras napoleônicas.
No entanto, para cada grupo de soldados e oficiais vinha um grupo de colonos morigerados, mas também de criminosos, transformando-se esses últimos em um problema sério para o governo brasileiro. Os criminosos foram obrigados a assentar praça nas Forças Armadas, degenerando e contaminando o restante da tropa. A princípio, os brasileiros deveriam estar tecendo loas a esses mercenários alemães, pois abominavam o serviço militar, que retirava os braços do campo e viviam aporreados pelos oficiais. O recrutamento no Brasil não diferia das práticas dos europeus de apresar escravos na África, na base da violência e do engodo. Logo, por que os brasileiros passaram a hostilizar esses mercenários? Não faziam eles o que o brasileiro nato deveria fazer, servir às Forças Armadas de seu país, dar o seu imposto de sangue? No papel de recrutador de mercenários Schäffer vinha contrariando o governo brasileiro. A título de disfarçar sua atividade ilegal, qual seja, de cooptar mercenários, proibido pelos Estados Alemães, estava trazendo colonos demais, o que não interessava ao governo brasileiro. Foram muitas as correspondências oficiais encaminhadas a Schäffer ordenando que trouxesse o mínimo possível de colonos e o máximo de soldados e oficiais. Mas a cada navio que chegava a proporção de colonos era grande, o que concorreu para a criação de inúmeras colônias de alemães pelo país. Nova Friburgo foi uma delas. Porém, entre os primeiros que chegaram ao Brasil vieram alemães morigerados, como veremos na próxima matéria “A chegada dos Colonos Alemães a Vila Nova Friburgo".
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1 Response to "A DEPURAÇÃO DA EUROPA: A IMIGRAÇÃO ALEMÃ – Parte 5"
COMO SEMPRE NA HISTORIA DO BRASIL SO CHEGAVAM DEGREDADOS, ENQUANTO SERVIAM AO PRPOSITO SERVIRAM QUANDO SE REVOLTARAM FORAM LARGADOS A PROPRIA SORTE.E COMO SMPRE A QUESTÃO DE HOJE N
AO PAGAR O QUE DEVE. SO QUE ELES ERAM DIFERENTES DOS BRASILEIROS ASSIM COMO ACONTECEU COM AS FAZENDAS DO SENADOR VERGUEIRO QUE ACONTECERAM REVOLTASPOR ISSO CHAMAREM OS JAPONES CONSIDERADOS "BONZINHOS" QUE NÃO IRIAM RECLAMAR DAS CONDIÇÕES
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