M.D. PREFEITO MUNICIPAL DE NOVA FRIBURGO.
Nova Friburgo, 13 de abril de 2011.
Vimos por meio desta inicialmente prestar solidariedade a V.Exa. em razão da tragédia ocorrida em Nova Friburgo, colocando-nos à disposição para participar de eventuais discussões envolvendo a questão. Acreditamos que o conhecimento do passado, através de experiências anteriores em muito nos auxilia a ampliar o debate.
Com isso, teses de mestrado, monografias, livros e demais projetos em andamento ficam estacionadas, acarretando grave prejuízo aos pesquisadores e acreditamos à História de Nova Friburgo.
1°: Abertura imediata do Centro de Documentação Fundação D. João VI de Nova Friburgo a todos os interessados.
2°: Ampliação do horário para a realização das pesquisas, incluindo, se possível, os sábados.
3°: Ampliação do espaço do pesquisador dando-lhe melhores condições de trabalho.
4°: Apresentação de um cronograma de trabalho de digitalização dos jornais e demais documentos, sendo indisponibilizados tão somente os que estejam passando por esse processo, de acordo com a capacidade material e humana do setor, ficando os demais à disposição dos pesquisadores.
Colocamo-nos à disposição para maiores esclarecimentos e aproveitamos a oportunidade para manifestar nossa estima e apreço a V. Exa.
Maria Janaína Botelho Corrêa
e outros historiadores que assinaram esse documento.
SOS MEMÓRIA
Como historiadores e cidadãos manifestamos nossa apreensão em relação à política de documentação levada pelo antigo Pró-memória de Nova Friburgo, hoje incorporado à Fundação Dom João VI de Nova Friburgo.
Integramos um grupo de historiadores que tem atuado em diversas frentes da produção historiográfica no município. Em nossa experiência tivemos sempre o apoio do Pró-memória às pesquisas que realizamos e orientamos. Artigos, teses, livros, aulas e palestras foram tributárias do Pró-memória. Aplaudimos sempre os serviços prestados pelo Pró-memória às pesquisas escolares.
Procuramos sempre oferecer prismas interpretativos de nossa história certos de que ela é fundamental na construção de nosso futuro. E para isto, fontes são absolutamente necessárias. O Pró-memória, seja como instrumento de resgate de documentos do passado, seja como produtor de documentos contemporâneos tornou-se uma instituição de grande importância na atualidade. E aplaudimos a sua inserção na virtualidade informática. Consideramos que ela permite ampliar e aprofundar a produção de conhecimentos assim como as consultas e interação com outras regiões do país e do mundo.
Assim sendo, lastimamos que, justamente no momento em que Nova Friburgo mais precisa de pesquisa e de reflexão, o Pró-memória tenha estado fechado à consulta pública desde a tragédia de janeiro. Precisamos não só do Pró-memória aberto, como também com condições plenas de pesquisa. Estamos inclusive apreensivos com a justificativa do fechamento em função da alegada mudança de sede. O que pode ser uma operação rápida e eficiente está sob o risco de durar um tempo indefinido.
Reafirmamos que o futuro digital do órgão não pode substituir a consulta presencial. Não fazemos parte do Conselho Administrativo e ignoramos inclusive que Fundação é esta, sob cuja guarda foi colocado o Pró-memória. Reafirmamos que o Pró-memória é sustentado pelos cofres públicos desde a sua origem e deve ser visto como órgão da Prefeitura, ou dito de outro modo, como um patrimônio público.
Consideramos urgente a abertura do Pró-memória ao público.
Consideramos que, tanto a nível presencial quanto virtual, é fundamental que saibamos o que tem o Pró-memória. Em qualquer política de arquivo, documento que não é classificado não existe para consulta. É, portanto essencial construir um catálogo. E para fazê-lo, é necessária uma presença constante de historiadores ao lado de arquivistas.
Estamos convictos de que a informação histórica bem como sua elaboração é essencial na nova etapa de desenvolvimento de Nova Friburgo, em sua projeção regional e em seu papel como integrante de nova área de conhecimentos essenciais na modernidade. Escondido, o órgão está sujeito à manipulação de uns poucos, tanto a nível físico como virtual.
João Raimundo Araújo
Jorge Miguel Mayer
Publicada no jornal A Voz da Serra, na sessão de leitores em 27/04/2011.
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