Dermeval Barbosa Moreira, conhecido em Nova Friburgo como um médico morigerado e caridoso, estranhamente, resolve diversificar a sua atividade profissional. Juntamente com o seu cunhado, edificaram no local denominado “cascata”, um suntuoso prédio destinado a um hotel cassino, o Cassino Cascata. Construíra esse cassino, ao que parece, em sociedade com os mesmos empresários do Cassino da Pampulha, Cassino da Urca e do Quitandinha. No entanto, quando o prédio estava praticamente pronto, eis que o jogo de azar passa a ser proibido no país pelo Governo Dutra e o cassino virou um elefante branco. Desesperado, o médico Dermeval Barbosa Moreira procurou a equipe médica do Hospital de Tuberculosos de Corrêas, em Petrópolis, oferecendo o prédio do Cassino Cascata para a instalação de um hospital de tuberculosos. Houve interesse por parte daquele estabelecimento e as negociações estavam em andamento. Nova Friburgo tinha sido o local escolhido pela Marinha do Brasil para a instalação do Sanatório Naval, estabelecimento destinado a cura de marinheiros tuberculosos. Logo, Nova Friburgo teria mais um sanatório de tísicos na cidade, para desespero da população. Questionava-se se as famílias de outras cidades e Estados continuariam a colocar seus filhos em regime de internato nos colégios existentes; se os turistas continuariam a vir a Nova Friburgo; se os capitalistas se animariam em inverter capital em novas indústrias, sendo o município uma cidade infectada; se após a criação desse hospital não viriam outros.
Surge então um grupo liderado por Augusto Spinelli, e integrado por César Guinle, José Eugênio Muller, Tuffi El Jaick, entre outros, que se mobilizam para impedir a instalação de mais um sanatório, prejudicial à representação de Nova Friburgo como cidade salubre. Resolvem adquirir o prédio a fim de instalar no local um estabelecimento educacional. Criaram então a Empresa Educacional Fluminense, também denominada de Fundação Educacional, e adquiriram o Cassino Cascata de Dr. Dermeval com o propósito de instalar um ginásio. Acontece, entretanto, que a novel empresa não dispondo de recursos financeiros à altura da iniciativa, e também não podendo retroceder na compra do edifício, sob pena de enorme prejuízo, toma a deliberação de procurar um novo proprietário para o prédio. A Empresa Educacional Fluminense entra em entendimentos com os clérigos do Colégio Anchieta a fim de prolongarem aquele estabelecimento até o Cascata, mas o valor para o empreendimento era superior aos recursos do Colégio Anchieta. Oferecem então ao Seminário de São José, no Rio de Janeiro, cujos clérigos vêm à Nova Friburgo estudar as possibilidades. Embora agradassem das instalações, também não puderam arcar com o valor do imóvel. O tempo corria, os prejuízos cresciam, a hipoteca da Caixa Econômica vencendo juros, os fornecedores fazendo pressão e os compromissos com os construtores do Cascata avolumavam-se. A Empresa Educacional Fluminense resolve então abrir o ginásio por conta própria e assim iniciam ampla propaganda pelos grandes jornais do Rio de Janeiro, rádios, etc. No entanto, a empreitada é superior a sua condição econômica e a Empresa Educacional novamente volta ao ponto de partida no intuito de encontrar um comprador para o Cascata. Dessa vez urgia pressa ou uma catástrofe financeira desabaria sobre todos. Surge então a Fundação Getúlio Vargas. O fato do prefeito César Guinle ser amigo de Simões Lopes, presidente da Fundação Getúlio Vargas, e seu cunhado participar do conselho, teria provavelmente facilitado o acordo com essa instituição.
Inicia-se uma negociação que envolve a Prefeitura de Nova Friburgo, a Empresa Educacional Fluminense e a Fundação Getúlio Vargas. A Prefeitura precisaria desembolsar alguns milhões de cruzeiros para viabilizar a vinda de Fundação, o que acabou gerando protestos de alguns segmentos da sociedade friburguense. Porém, a mensagem do prefeito César Guinle foi aprovada pela Câmara Municipal que conseguiu recursos para viabilizar a vinda da Fundação Getúlio Vargas para Nova Friburgo. Foi investido no Cascata um total de CR$6.000.000,00(seis milhões de cruzeiros), nos informa Pedro Cúrio do jornal O Nova Friburgo. A Prefeitura doou CR$2.000.000,00(dois milhões de cruzeiros); uma subscrição realizada entre a população friburguense arrecadou CR$1.000.000,00(um milhão de cruzeiros) e foi feito um empréstimo junto a Caixa Econômica de CR$2.5000.000,00 (dois milhões e quinhentos mil cruzeiros). A Fundação Getúlio Vargas entrou somente com CR$500.000,00(quinhentos mil cruzeiros). Cumpre destacar que particulares ainda doaram terrenos no Cascata para ampliação do colégio. Logo, o Cascata passou a abrigar, a partir de 1949, o Colégio Nova Friburgo sob a égide da Fundação Getúlio Vargas, cujo período letivo se inicia no ano seguinte. Ficou conhecido esse estabelecimento de ensino na cidade como “Fundação”. Tratava-se de um colégio de ensino secundário, em regime de internato, consistindo quase todos os internos do sexo masculino. Esse colégio foi considerado uma referência em todo país pelo alto nível de seu ensino e quadro docente. Foi desativado em 1977, depois de 27 anos em atividade. Mais uma vez evitou-se a “extinção de Friburgo”, como outrora escrevera Rui Barbosa, dotando a cidade de mais um sanatório de tuberculosos. Funciona hoje no local a UERJ. Observando a história desse estabelecimento de ensino, poderíamos afirmar que esse imóvel pertence muito mais à população de Nova Friburgo do que ao órgão estadual. Mas isso é outra história.
Inicia-se uma negociação que envolve a Prefeitura de Nova Friburgo, a Empresa Educacional Fluminense e a Fundação Getúlio Vargas. A Prefeitura precisaria desembolsar alguns milhões de cruzeiros para viabilizar a vinda de Fundação, o que acabou gerando protestos de alguns segmentos da sociedade friburguense. Porém, a mensagem do prefeito César Guinle foi aprovada pela Câmara Municipal que conseguiu recursos para viabilizar a vinda da Fundação Getúlio Vargas para Nova Friburgo. Foi investido no Cascata um total de CR$6.000.000,00(seis milhões de cruzeiros), nos informa Pedro Cúrio do jornal O Nova Friburgo. A Prefeitura doou CR$2.000.000,00(dois milhões de cruzeiros); uma subscrição realizada entre a população friburguense arrecadou CR$1.000.000,00(um milhão de cruzeiros) e foi feito um empréstimo junto a Caixa Econômica de CR$2.5000.000,00 (dois milhões e quinhentos mil cruzeiros). A Fundação Getúlio Vargas entrou somente com CR$500.000,00(quinhentos mil cruzeiros). Cumpre destacar que particulares ainda doaram terrenos no Cascata para ampliação do colégio. Logo, o Cascata passou a abrigar, a partir de 1949, o Colégio Nova Friburgo sob a égide da Fundação Getúlio Vargas, cujo período letivo se inicia no ano seguinte. Ficou conhecido esse estabelecimento de ensino na cidade como “Fundação”. Tratava-se de um colégio de ensino secundário, em regime de internato, consistindo quase todos os internos do sexo masculino. Esse colégio foi considerado uma referência em todo país pelo alto nível de seu ensino e quadro docente. Foi desativado em 1977, depois de 27 anos em atividade. Mais uma vez evitou-se a “extinção de Friburgo”, como outrora escrevera Rui Barbosa, dotando a cidade de mais um sanatório de tuberculosos. Funciona hoje no local a UERJ. Observando a história desse estabelecimento de ensino, poderíamos afirmar que esse imóvel pertence muito mais à população de Nova Friburgo do que ao órgão estadual. Mas isso é outra história.
2 Response to "O CASO DO CASCATA E O COLÉGIO NOVA FRIBURGO"
Aprendi um bocado. Não conhecia essa saga que pode servir de exemplo para os dias atuais... Um abração.
Amei conhecer a história dessa obra lindíssima. Obrigada por compartilhar
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