No início do século 19, foi criada a Vila de Nova Friburgo para abrigar uma das primeiras experiências encetadas pela Coroa Portuguesa de estimular a vinda de colonos estrangeiros ao país em substituição a mão de obra escrava. A região, que até então pertencia a Cantagalo era povoada por fazendeiros luso-brasileiros, e foi escolhida por suas condições climáticas e salubres para abrigar núcleos coloniais de suíços e alemães. Essas duas nacionalidades eram preferidas pela Coroa Portuguesa, principalmente os alemães, pela sua tradição na agricultura. Aos colonos foram distribuídas datas de terras no perímetro denominado de “Colônia dos Suíços”. A região de Mury estava compreendida na colônia. Plantava-se banana, batata, milho, inhame e hortaliças e os colonos possuíam alguma criação. A família Murith recebeu, por sorteio, um desses lotes. No entanto, a localidade só ficou conhecida pelo nome de Mury no século seguinte em razão de Luiz Mury, um comerciante de secos e molhados que conseguiu trazer uma estação de trem à localidade que passou a ser denominada de “Parada do Mury”.
No século 20, os agricultores de Lumiar e região produziam verduras e legumes como nabo, cenoura, couve, alface e batata inglesa, comercializando boa parte de sua produção em Niterói e São Gonçalo. No entanto, tinham que levar seus produtos até a estação de trem no centro da cidade, importando em enorme sacrifício e despesa aos agricultores. Luiz Mury, comerciante local, possivelmente descendente dos colonos suíços Murith, vendo a dificuldade dos agricultores da região, solicitou a Leopoldina Railway que construísse uma estação na localidade, doando inclusive o terreno para tal fim. Foi atendido criando-se a estação “Plataforma Luiz Mury” em frente ao seu comércio, mas que ficou conhecida pela população como “Parada do Mury”, localizada na atual Av. Hamburgo. Mury foi ainda um bairro onde boa parte dos executivos alemães das indústrias que se estabeleceram em Nova Friburgo, a partir de 1910, escolheu para seus domicílios. Depois da Segunda Guerra Mundial, muitos alemães que imigraram para o Brasil igualmente passaram a residir em Mury que quase teve seu nome alterado para Germânia, tantos eram os alemães que residiam no bairro. No passado, o bairro chegou ainda a abrigar algumas indústrias de alemães. Hans Garlipp, do Hotel Galipp, um dos mais antigos de Mury, veio para Friburgo como prisioneiro da primeira guerra mundial. Era comandante de um dos navios alemães atracados no Recife preso pela marinha do Brasil. Ficou no “Campo de Internação do Sanatório Naval”. Terminada a guerra, Hans Garlipp volta a Alemanha, mas devido a uma crise financeira em 1926, retornou no ano seguinte a Friburgo se estabelecendo definitivamente na cidade.
Até alguns anos atrás, Mury ainda era visto pela população friburguense como um bairro insular, isolado do cotidiano da cidade, até porque os moradores de Mury diziam que “iam a Friburgo”, como se não fizessem parte do município. Historicamente é um bairro negligenciado do ponto de vista administrativo por sucessivos governos municipais pelo fato de abrigar a maior parte de veranistas, não eleitores no município. No entanto, seus moradores pagam um dos mais altos IPTU. Atualmente, apesar de Mury ser considerado um bairro de veranistas, a maioria é de friburguenses que já residem no local. A sociabilidade de seus moradores é o futebol no final de semana no campo de futebol do bairro, a cerveja gelada nos botequins, as compras no mercado e as camaradagens fáceis e ligeiras da rua, nas conversas nos bares e padarias, como o Pão da Terra, já que o bairro não possui até hoje uma praça pública. Porta de entrada do município abriga a melhor rede hoteleira e notadamente os melhores restaurantes de Nova Friburgo. Mury não quer ser mais o bairro “dos alemães” e dos veranistas, como outrora. Quer ser um bairro que congregue toda a população local e adventícia. Mury é um bairro que oferece a hospitalidade ao turista, mas no seu dia a dia os seus moradores fomentam a atividade comercial dando dinamismo ao bairro. Por todas essas razões é que Mury não quer ser mais um bairro insular, gregário, uma República de Weimar, e quer merecer a atenção da administração municipal. Mury quer pertencer a Nova Friburgo.
Todas as fotos são do acervo particular de moradores de Mury mostrando o cotidiano do bairro.
Observem que charme essa propaganda de amanteigados suíços que resiste até hoje na fachada de um prédio em Mury. Possivelmente foi colocado entre a década de 50 e 60, do século 20.
21 Response to "MURY QUER PERTENCER A FRIBURGO"
Quando foi tirado a foto (o trem saindo da estacao de Mury)? Quem era o rapaz na esquerda?
Muito interessante essas informações meu bisa avô leonel mury e minha avó nelly mury moraram muito tempo em mury e hoje converso com minha avó sobre tirar a cidadania suiça. Gostei das informações ajudam a compreender a historia da familia e do lugar que eles ficaram! Se puder postar mais sobre o assunto.
Sou Mury, mas fico meio triste por não ser reconhecido como Mury entre meus parentes, pois não conheço ninguén, e vi que a Familia Mury é realmente muito grande, e agr tenho muito orgulho de fazer parte dessa familia e pretendo escrever o meu legado nela.
meu nome é Bruno Mury tenho 16 anos achei bem legal saber dessa historia me interessou bastante quem quiser me add algum parente desconhecido meu facebook é bruno-mury@hotmail.com....
fabricio mury
FABRICIO MURY - AQRQUITETO E URBANISTA - NOVA FRIBURGO -RJ - WWW.MURY.COM.BR
com certeza Mury nao quer pertencer a Friburgo :) ...
Muito bom poder ter acesso a estas informações, minha falecida mãe Nelly Mury falava muito do lugar, e das lembranças que tinha quando pequena, ela visitava o lugar com meu falecido avô Leonel Mury.
Gostaria de saber mais sobre a família, os parentes.
Fiz um grupo no zap quem se interessar raquel mury de aquino. Raquelmury@hotmail.com
Fiz um grupo no zap quem se interessar raquel mury de aquino. Raquelmury@hotmail.com
Meus filhos tbm são da familia Mury achei bem legal a história
Era o Luis Anônimo
Oi Vânia, somos primos, pois eu sou neto de Doralice Esther Mury, que era irmã do seu avô Leonel. Pena que minha avó faleceu quando minha mãe tinha apenas sete anos e meu avô não registrou minha mãe com o sobrenome Mury.
Sou neto de Luiz Mury Ruiz, o comerciante que deu nome ao lugar e que foi cultivar café em Mimoso do Sul no Espirito Santo.
Também sou Mury, minha família é muito grande, e nao conheço a metade kkkkkk
Meu pai é Mury do município de Mimoso do Sul antes João Pessoa
Ele se chama José Mury Salles
Filho de José de Carvalho Salles e Maria Santa Mury
Digo, Maria Mury Salles
Tenho uma vaga lembrança de ter conhecido uma tia santinha que visitou São Fidélis 👀 início na década de 80
Minha vó se chamava Maria Mury Salles vovó santinha
Vc sabe o nome da sua avó?
Postar um comentário
AVISO:
É proibido usar palavras de baixo calão neste espaço.
Seja cordial com os outros comentaristas.
Ao fazer críticas, favor fundamentá-las.
Caso esses tópicos não sejam seguidos, os comentários serão deletados sem consulta prévia ao autor.