Outro fator a se considerar foi que os filhos dos prósperos agricultores, distanciando-se por “plagas longínquas”, abraçaram profissões liberais como médicos, veterinários, advogados, professores, dentistas, engenheiros, etc., abandonando a tradição do amanho da terra. Na década de 60 do século XX, Amparo ficou silente e parado, sem evoluir, onde não se via mais as serras onduladas, coberta pelos verdes mantos dos cafezais, dos milharais e das capoeiras. O articulista Nelson Kemp relembra a farta produção agrícola de Amparo, os mais velhos recordando o tempo da fazenda do Coronel Chonchon(Galiano Emílio das Neves Junior), o café enchendo o paiol, os carros de boi repletos de cereais. Amparo, terra fértil e de clima ameno e saudável, atestando a sua salubridade no verde vivo da vegetação, no ouro dos frutos, nas faces rosadas das crianças e na longevidade dos anciãos. A longevidade de seus habitantes é atestada por Eugênio Gripp, o “patricarca de Amparo”.
Nascido em 15 de maio de 1859, filho de uma família de nove filhos, seu pai, Jorge Gripp, diz a tradição oral, foi o introdutor do café java em Cantagalo. Eugênio Gripp fundou em Amparo a Associação Promotora de Instrução à Infância Anália Franco e o Centro Espírita São João Batista, em 02 agosto de 1888. Falecido aos 95 anos de idade, nos últimos anos de vida, levantava cedo para cuidar de seu pomar. Caminhava o ancião pela vila com o costumeiro chapéu de Chile e longa capa cinzenta, cabelos brancos, faces rosadas e brilhantes olhos azuis da herança germânica. Amparo possuíra a Sociedade Musical Recreio Amparense, de fardamento azul com botões dourados, fundada em 13 de janeiro de 1913 e extinta em 1940, com algumas tentativas posteriores de reabilitação; o Amparo Futebol Clube, fundado em 1927; o Grupo Dramático Amparense, o clube de Malha, o animado carnaval e micareme e os bailes no Cine-Teatro Almeida, cujo prédio ainda se mantém, testemunha de um passado glorioso. Ainda que localidade onde boa parte da população era espírita e protestante, a capelinha de Nossa Senhora do Amparo foi inaugurada, em 1950, contando com o auxílio dos não católicos. Junto ao coreto da ajardinada pracinha da vila, é o busto de um medium, Manoel Antonio Monteiro, que foi erigido numa homenagem dos amparenses. Amparo, terra dos Gripp, Alves da Costa, Frossard, Folly, Sanglard, Schuenck, Toledo, Lugon, Monteiro, Lamblet, Mury, Hermsdorff, Heckert, Pereira, Schuabb, Bussinger, Emerick, Heckert, Schumacker, Heller, Thurler e muitas outras famílias. Se há um local que nos remete a um passado longínquo é a vila de Amparo. Toda a sua vila deveria ser tombada pelo patrimônio histórico. Que bom que voltou a pertencer a Nova Friburgo!
4 Response to "A HOSPITALEIRA VILA DE AMPARO"
Gostaria de salientar que o busto do médium Manoel Antonio Monteiro, é de meu bisovô, pai de Higina Monteiro Lugon (minha avó, que era rezadeira) esposa de Orlando Lugon.
Minha mãe sempre fala do Sr. Monteiro e do Sr. Lugon com muita veneração e respeito. Parabéns!
Interessante saber que havia um clube de malha no Amparo. Recentemente inauguramos uma nova raia de malha na sede da Associação Mathieu Sanglard, no km 12,5 da RJ 150, em comemoração aos 200 anos de Friburgo.
Gostaria de saber um pouco sobre Maria Constância Pereira da Roza, que segundo consta foi minha bisavó. Quem puder me ajudar, meu e-mail é : dermeval1951@gmail.com
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