Em Friburgo, hoje temos os bailes, a exemplo do rock’ noel, onde muitos adolescentes terminam a noite depois da ceia com a família. Na Friburgo do século XIX, alguns músicos percorriam as ruas tocando instrumentos, pois boa parte da população ia para a praça flanar na noite de Natal. Segue um trecho de uma deliciosa crônica que nos remete à ceia de Natal, ao movimento da casa, do sarrabulho, sangue coagulado do porco para fazer o chouriço, onde as crianças tagarelavam talvez excitadas pelo cheiro do sangue dos animais abatidos, que nos remete a hecatombe dos rituais gregos. Hoje, felizmente, os adquirimos congelados, o que nos poupa desta cena lamentável em relação aos animais. Mas não devemos julgar os costumes de nossos antepassados, pois os tempos eram outros. Penetremos então nesta deliciosa narrativa, que abre uma janela para o passado.
“A chegada do Natal, momento íntimo e familiar era dia de grande sarrabulhada. As casas ficavam todas em polvorosa: da sala de visitas à cozinha, o quintal, a dispensa, a copa, era uma azáfama de endoidecer. As crias da casa, velhas negras remanescentes da extinta escravidão resmungavam, arrumavam, iam e vinham, taramelavam, lavavam, vasculhavam, areavam e poliam. Na despensa, era um requebrar de ovos, bater de bolos, o lambuzar de forminhas, o fazer de doces, pudins, biscoitos e broas. Na cozinha, o preparo de perus, leitoas, frangos recheados e tortas, mal dava tempo de descanso às velhas cozinheiras. As próprias costureiras não tinham mão a medir: damas, senhoritas e meninas todas tinham seus vestidos encomendados.
No Response to "É NATAL...EM NOVA FRIBURGO...NO FINAL DO SÉCULO XIX"
Postar um comentário
AVISO:
É proibido usar palavras de baixo calão neste espaço.
Seja cordial com os outros comentaristas.
Ao fazer críticas, favor fundamentá-las.
Caso esses tópicos não sejam seguidos, os comentários serão deletados sem consulta prévia ao autor.