CASCATA PINEL: UM RECANTO POÉTICO EM FRIBURGO





Foto tirada por volta de 1870 na Cascata Pinel. Acervo Biblioteca Nacional

(O Brasil no século XIX fotografado por paisagistas europeus)



“A belezas magníficas que Friburgo ostenta, com seus horizontes orlados por
imensas serras de granito, atalaias naturais da cidade dos cravos rubros e das
camélias brancas; os panoramas maravilhosos que se abrem para todos os lados,
sempre variados, sempre diversos, encantando o viajante que não cessa de mirá-lo
com olhos fascinado de ver (...) Friburgo é assim uma cidade que encanta(...)
pelos matizes e nuances dos painéis que surpreendem, como telas aprimoradas por
um artista divino...”


Essa citação está inscrita no jornal O Nova Friburgo de 1935 em uma matéria que trata dos lugares pitorescos de Friburgo. Eram descritos como pontos de inigualável beleza na primeira metade do século XX, a Chácara do Paraíso, a Granja Spinelli, a Ponte da Saudade, o Sanatório Naval com sua alameda de bambuais, a Vila Amélia com suas chácaras de pêra, a Chácara Braune com seus açudes, o Tingly com seus craveiros policrômicos, o Parque São Clemente com a nobreza de seu solar, o Cônego, o Moinho da Saudade e o Catete. Eram lugares de belezas inconfundíveis onde os turistas visitavam com frequência, cuja descrição de um bucolismo inebriante povoava o jornal da época. Porém, o jornal destacava que alguns lugares que outrora constituíram verdadeiros centros de atração dos veranistas, já se encontravam desprezados “graças a incúria, a displicência, e indiferentismo dos governos que se vem sucedendo, cada qual com menor visão administrativa, cada qual com menor respeito às tradições e as belezas de Friburgo”. Na década de 30 do século XX, esses lugares já se encontravam em completo abandono e dificilmente se poderia chegar a eles porque os caminhos desapareceram e os atalhos e as picadas foram invadidos pela espessa vegetação.

Entre esses lugares que figuraram outrora entre os pontos prediletos para passeios e pic-nics estavam ainda a Vista Chinesa ou Vale do Hans - a Cascata Hans, com uma queda de setenta metros -, a Cascata da Estação do Rio Grande(possivelmente o Véu das Noivas), e a mais famosa de todas, a Cascata Pinel, formada pelo Rio Grande, com uma altura de cinqüenta metros, circundada por moitas e rochas de granito. A Cascata Pinel, um dos mais poéticos recantos de Nova Friburgo, era lugar de passeio de veranistas “desde os tempos coloniais para pic-nics dos nobres e convescotes imperiais”, nos informa O Nova Friburgo de 1935.

O nome Pinel advém do sobrenome do proprietário das terras onde se situava a cascata. Carlos Pinel, descendente de Felippe Pinel, o grande psiquiatra francês, veio para o Brasil em 1839 e depois percorrer diversas províncias chegou a Friburgo em visita a família Salusse, hospedando-se em seu hotel. Encantado com a suavidade do clima de Friburgo e a pujança de sua natureza, adquiriu uma propriedade em 1842, denominada “Fazenda dos Pinéis”. Nas memórias de seus descendentes Pinel não comprara e sim recebera, por doação, essas terras(sesmarias) de D.Pedro II. Casou-se com Catharina Rimes, descendente do Barão de Rimes. Pinel era advogado e foi também um dos responsáveis pela implantação da maçonaria em Friburgo. No entanto, Carlos Pinel dedicou-se somente a agricultura no município. Foi no recanto bucólico da Cascata Pinel que em 1868, a Princesa Izabel ofereceu à embaixada chilena, uma “festa campesina” a que compareceram D. Pedro II e o Conde d’Eau, tendo sido construídas para o evento, na sua proximidade, barracas de pinho envernizadas. Nessa ocasião, Carlos Pinel fez gravar em um dos granitos que atalaiam a cachoeira, em homenagem a Princesa Izabel, a seguinte inscrição: Cascata Santa Izabel. Essa cascata, segundo descrições, fica entre Sumidouro e D. Mariana. Essa localização pode nos levar a concluir erroneamente que se trata da Cascata do Conde d’Eau, mas na realidade essa é outra queda d´água.

Em 1908, foi filmada uma “fita cinematográfica” dessa cascata, período em que teve seus dias de glória e fulgor entre os excursionistas, a nobreza e a própria família real. Fica aí uma sugestão aos poderes públicos para resgatar esse aprazível lugar, averiguar se ainda existe a inscrição Cascata Santa Izabel, e informando aos turistas que Nova Friburgo não foi a princesinha da Coroa, como Petrópolis, mas encantava a monarquia e a nobreza lusitana.

3 Response to "CASCATA PINEL: UM RECANTO POÉTICO EM FRIBURGO"

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Fazem pouco mais de 11 anos que visitei este belíssimo local pela primeira vez. Foi uma caminhada e tanto que fiz partindo de Riograndina e, na ocasião, aproveitei para conhecer o sítio do "Manoel do Queijo". Uma pena que a cascata não esteja sendo bem aproveitada turisticamente e que o rio não esteja recebendo os devidos cuidados com a limpeza. Tanto no passado como no presente, Nova Friburgo sempre teve um incrível potencial natural para o turismo. Quem sabe algum dia toda essa beleza não seja melhor trabalhada?

Unknown disse...

Olá que prazer encontrar esse registro no seu blog, eu sou Fabiana Pinel e criei um grupo no facebook para reunir pessoa do nome Pinel e Nova Friburgo é um recanto de Pinels hehe, uma moradora Pinel se uniu ao grupo e me indicou a cascata Pinel se voce tiver interesse em estudar junto com a gente o trajeto da familia Pinel aqui no Brasil ficarei muito feliz com a sua ajuda e apoio, procura a gente no facebook '' Pinel pelo mundo'' , até breve

Patricia Aguiar disse...

Olá, moro em Friburgo e não conheço a cascata Pinel! Como faço pra chegar até ela?

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