NOVA FRIBURGO, PETRÓPOLIS OU TERESÓPOLIS? PARA ONDE OS CARIOCAS IRÃO NO VERÃO?

Nova Friburgo. Foto: Paulo Noronha



Nova Friburgo. Foto: Rosana Gomes



Petrópolis: Hotel Quitandinha





Serra de Teresópolis

Diante da catástrofe natural ocorrida entre os dias 11 e 12 de janeiro de 2011, Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis se irmanaram na dor das perdas humanas e materiais. As três cidades serranas habituadas a ter seus nomes estampados na imprensa como aprazíveis locais de veraneio, se viram numa macabra estatística no qual Nova Friburgo encabeçou a lista fúnebre com o maior número de mortos e de perdas materiais. Autoridades governamentais desses municípios se solidarizaram e igualmente a população dessas regiões. Mas houve momentos de nossa história em que, pelo menos por parte dos friburguenses, a rivalidade de Nova Friburgo em relação às co-irmãs da região serrana era levada a extremos. A imprensa local, a exemplo do jornal O Friburguense, que era distribuído no Rio de Janeiro e em Niterói, ao mesmo tempo que tecias loas ao clima de Friburgo, menosprezava Petrópolis e Teresópolis.

A partir de 1847, a Corte passou a mudar com regularidade para então vila de Petrópolis. A morte na tenra idade dos dois herdeiros do Imperador Pedro II, Afonso(1845-47) e Pedro(1848-50) consagrava o Rio de Janeiro como uma cidade com uma atmosfera pestilenta, onde grassavam epidemias de febre amarela, provocando a fuga dos cariocas abastados no verão. O ambiente das montanhas passou a ser uma solução imediata para a elite livrar-se da mortandade que se abatia sobre o Rio de Janeiro com a chegada do verão. Quando o mais racional seria resolver o problema do saneamento da cidade, preferiam mudar-se para as montanhas, o que acabou incrementando a economia das cidades serranas, fomentado o turismo. Logo, na estação calmosa, o verão, a elite carioca trocava os “salões” pelas pitorescas e bucólicas cidades próximas a Corte. Nova Friburgo era uma delas. No entanto, Petrópolis sempre fora a favorita da família real e isso incomodava profundamente os friburguenses.
Com a proclamação da República a disputa ficou acirrada. Nova Friburgo concorreu e perdeu para Petrópolis a regalia de ser capital do Estado por um determinado período, mas transformou a ameaça em oportunidade: “...A cidade do Rio de Janeiro está quentíssima, mais quente que o fogo em brasas, faz ali um calor insuportável, quanto mais nos próximos meses de novembro a março. E isto o que todos sabem, não carece demonstrar. Sendo assim, é provável que grande número de pessoas ali residentes se retire para fora, procurando passar alguns meses no gozo do ar livre, fugindo das epidemias que a infestam todos os anos, principalmente nos referidos meses. Está reconhecido pelas observações feitas que a cidade de Teresópolis, embora seja um lugar fresco, não pode ser procurada, por que é diariamente açoitada pelos ventos; é lugar pequeno e insípido – não passa de um estreito beco; as viagens da capital federal para essa cidade são assaz incômodas e dispendiosas e em chovendo tornam-se dificultosas. Para Petrópolis há facilidade e barateza de transporte, mas é lugar de clima muito úmido, o que é nocivo a saúde, mormente para as pessoas já afetadas de alguma moléstia ou que precisam convalescer-se; devendo notar-se mais que Petrópolis, é uma cidade de luxo, aristocrata, própria para diplomatas. Com a mudança da capital do Estado do Rio para ali, encheu-se a cidade de Petrópolis de grande massa de elementos perniciosos, perigosos a moralidade e a tranquilidade públicas, privando as famílias de certos gozos que outr’ora tinham. (…) Todos quantos pretenderem afastar-se por algum tempo do calor que tanto incomoda e que é origem de tantos males, que precisarem de descanso e quiserem gozar do puríssimo ar das montanhas, não encontrarão outro lugar mais apropriado que Friburgo...”(O Friburguense, de 1-10-1894.)

E referindo-se a Nova Friburgo, se escreveu: “O clima é excelente, superior ao de todos os outros povoados do Estado do Rio de Janeiro, inclusive o da cidade de Petrópolis, que já foi imperial e atualmente goza dos foros de capital. A água é pura, fresca, cristalina, abundante não só em quantidade, como no número de milagres que tem operado; a água que desce das montanhas e das cascatas de Friburgo, não tem igual, é incomparável. O clima e a água desta abençoada terra, dão alento aos vivos e ressuscitam os mortos; pode-se afoitamente dizer (…). Friburgo podia ser hoje a primeira cidade do Estado do Rio de Janeiro em tudo, como é e sempre foi a primeira no clima saudável e na água de milagres prodigiosos...”(O Friburguense, de 29-12-1895.)
E continuam as invectivas contra as concorrentes: “O que ninguém poderá negar é que Friburgo é uma cidade cheia, riquíssima de elementos naturais, encantadora, amena, aprazível, que tem merecido olhares benéficos do céu, que tem causado inveja a úmida Petrópolis, que tem como rival apaixonada Teresópolis, e como tenho dito muitas vezes, como sempre hei de dizer, como jamais cansarei de repetir: a bonina do Estado do Rio de Janeiro...”(O Friburguense, de 4-6-1893.)

Por fim, escreveu um jornalista: “O tempo vai correndo favorável aos passeiantes. Dias esplêndidos! O sol doira nas altas montanhas que nos cercam. As manhãs agradam com sua frescura. As noites encantam com o seu céu bordado de fulgurantes estrelas. Que natureza invejável. Que encantadora terra, a formosa Friburgo, a Suíça brasileira, mimosa bonina das cidades do Estado do Rio de Janeiro. Cala-te úmida Petrópolis, humilha-te estreita e ventosa Teresópolis! A verdade é uma só. Friburgo, não tem rival!” (O Friburguense, de 3-4-1892.)
Poderíamos descrever uma miríade de textos como esses publicados na imprensa da época. Nossos ancestrais pegavam pesado na disputa pelos touristes, não?

10 Response to "NOVA FRIBURGO, PETRÓPOLIS OU TERESÓPOLIS? PARA ONDE OS CARIOCAS IRÃO NO VERÃO?"

Anônimo disse...

Realmente não existe rivalidade entre Petrópolis, Teresópolis, e Nova Friburgo.
Petrópolis é uma cidade média, com 300.000 habitantes, constantemente chamada de mini-metrópole.
Realmente não sei o porquê de tal rivalidade inútil. Só é alimentada em Friburgo mesmo, por aqui, e em Teresópolis ninguém está nem aí em apontar uma cidade como vencedora.
Vai ver que parte da insegurança dos friburguenses por saber que sua cidade será eternamente ''A cidade turismo das calcinhas''.

Pedro Lírio disse...

Moro em NF, mas é ridículo querer comparar com Petrópolis, e a capital.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Vai se ferrar Friburgo é uma bosta de cidade, Teresópolis mesmo sendo ventosa ama a cidade e Petrópolis é 1000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 de vezes melhor que Nova Friburgo

Unknown disse...

Desculpe, mas sou petropolitana e ninguém por aqui sente nem uma gota de inveja de Nova Friburgo.

Robocop disse...

Quero conhecer Petrópolis esse mês, qnto está uma diária de uma pousada ou hotel ?

Unknown disse...

Gente isso é um texto da época, o escritor queria atrair uma atenção para Nova Friburgo, não quer dizer que nós friburguenses achamos nossa cidade melhor.
É só um fato histórico e a pessoa que escreveu o texto não é o representante de toda população.

Unknown disse...

Nunca ouvi isso em Friburgo, o escritor da época queria atrair atenção para Friburgo, mão quer dizer que pensamos dessa forma.

Unknown disse...

Cada cidade tem a sua particularidade, não há melhor, nem pior. Cada uma tem o seu problema.

Unknown disse...

Não é alimentada. O escritor da época tinha interesse e criticava as outras duas cidades. São relatos do século XIX. Não é um ponto de vista atual, não e possível, que 120 anos passariam e estaria tudo da mesma maneira.

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