Imigração italiana:prosperidade na cidade, miséria no campo


A prosperidade dos Spinelli. Os primeiros a possuírem automóvel em Nova Friburgo.



Luiz Spinelli entre seus filhos


Abaixo: As empresas dos Spinelli. Marcenaria e carpintaria






A imigração foi um dos traços mais importantes nas mudanças socioeconômicas ocorridas no Brasil a partir das últimas décadas do século XIX. Cerca de 3,8 milhões de estrangeiros entraram no Brasil entre 1887 e 1930, com os italianos formando o grupo mais numeroso (35,5% do total), vindo a seguir os portugueses (29%) e os espanhóis (14,6%). Em decorrência da forte demanda de força de trabalho para a lavoura do café, o período de 1887 a 1914 concentrou o maior número de imigrantes, com aproximadamente 2,74 milhões de pessoas. Os italianos, mais uma vez, constituíram o principal agrupamento nacional a fornecer mão de obra para a economia cafeeira. A mobilidade social ascendente dos imigrantes nas cidades é inquestionável, como atesta seu êxito em atividades comerciais e industriais, informa-nos o historiador Boris Fausto. E foi exatamente isso que ocorreu, comparando-se os italianos que imigraram para Nova Friburgo em relação aos que se deslocaram para o Centro-Norte Fluminense.



Os que imigraram para essa região para trabalhar nas plantações de café, raramente prosperaram. Imigraram para o Centro-Norte Fluminense os Zagni, Bianchini, Pietrani, Bolorini, Temperini, Boquimpani, Stanísio, Topini, Chimini, Polloni, Topini, Broglia, Montechiari, Angelis, Giampaoli, Latini, Storani, Tambesi, Baldoni, Forconi, Tacconi, Cimini, Pianesi, Bartola, Moriconi, Lelli, Temperini, Fratani, Badini, Sagretti, Talarico, Castricini, Pietrani, Bonan, Bollorini, Campagnucci, Bochimpani, Margaratini e Segalotti. A maioria desses italianos vieram na condição de colonos e ficaram reduzidos à mesma condição social e econômica de um caboclo. No entanto, se observarmos os italianos que, ao final do século XIX, imigraram para Nova Friburgo, percebemos que, ao contrário, boa parte deles prosperou economicamente, atuando em diversos ramos industriais, comerciais e de prestação de serviços. Presume-se que os núcleos urbanos ofereciam melhores condições de ascensão social do que o campo. No caso dos Spinelli, Luiz e Marieta Zuanazzi Spinelli chegaram ao Rio de Janeiro em 13 de janeiro de 1889, e depois de trabalharem algum tempo para o Barão de Duas Barras, em Cantagalo, migraram para Nova Friburgo. Luiz Spinelli trabalhou inicialmente em serviços de aluguel de carroças, limpeza pública e na construção civil. Seu primeiro estabelecimento comercial foi uma padaria e a partir de então, Luiz Spinelli, já auxiliado pelos seus onze filhos, fez com que os negócios da família Spinelli prosperassem até tornar-se uma grande holding em Nova Friburgo.



Já outros italianos que imigraram para Nova Friburgo aparentavam ser mais remediados, a exemplo de Giovanni Giffoni. Alfaiate por oficio, Giffoni era proprietário de um grande estabelecimento comercial denominado “Vesuvio”, um armazém de secos e molhados, do Café Colombo, de um bilhar na Praça 15 de Novembro (Getúlio Vargas), além de ser importador e representante de vinhos italianos. Também possuía outras propriedades, como uma fazenda de café e residia em uma das residências mais elegantes de Nova Friburgo. Em 1892, conseguiu a concessão do serviço de iluminação pública a gás, remoção do lixo e limpeza da cidade. Em outubro de 1893, chegou a requerer a concessão da iluminação pública e particular por meio de luz elétrica. Já Fernando Bizzotto, natural da cidade de Pádua, era “cidadão que pelo seu esforço próprio, sua dedicação ao trabalho e honestidade, atingiu alto grau de prosperidade e consideração que desfruta no seio da sociedade friburguense”, assim o descreveu o periódico O Nova Friburgo. Vindo para o Brasil em 1884, Bizzotto estabeleceu-se na Rua Gal. Osório com oficina de carpintaria e serralheria. Na seção de serralheria fabricava fogões “econômicos”, marquises, portas de aço, caixa d’água, portões e gradis. Já na seção de carpintaria fabricava esquadrias, “carros”, carroças e móveis. O italiano Raspatini chegou a patentear um tipo de cimento para a construção civil.





Bonfiglio Zagni. Exemplo de colono italiano que imigrou para o centro-norte fluminense e ficou reduzido à condição econômica de um caboclo.























































Além de obterem concessões de obras e serviços públicos, como os de limpeza, iluminação a gás e construção civil, alguns imigrantes italianos ocupavam posição política como vereadores na Câmara Municipal. Por outro lado, incrementavam as atividades culturais na cidade, sendo as Sociedades Musicais Recreio dos Artistas e Campesina, praticamente mantidas por italianos. Alguns, no entanto, dedicaram-se à agricultura em Nova Friburgo. Uma boa parte deles foi trabalhar como lavrador em Sebastiana, e há igualmente o registro de italianos no povoado de São Pedro, distrito de Nova Friburgo. Os que imigraram para Sebastiana (estrada Friburgo-Teresópolis) parecem ter se dedicado a fruticultura. Logo, percebe-se que os italianos que imigraram para Nova Friburgo e trabalharam como prestadores de serviço, comerciantes e até mesmo como agricultores tornaram-se afortunados. Já os que foram trabalhar como colonos no Centro-Norte Fluminense não prosperaram. Concluiu-se que os núcleos urbanos, ainda que incipientes à época, ofereciam muito mais oportunidades do que o campo, corroborando com o escreveu Boris Fausto de que a ascensão social dos imigrantes nas cidades é algo inquestionável.


















8 Response to "Imigração italiana:prosperidade na cidade, miséria no campo"

Sara Lucia Zonderico disse...

Boa noite! Gostaria que vocês me ajudassem a encontrar alguma informação dos meus avós que vieram em um navio da Itália para o Brasil. Eles viajaram no porão do navio por virem grandestino do Sul da Itália precisamente de Cicili a, eu não tenho nenhuma informação do nome do Navio e nem do ano,mas vieram precisamente para nova Friburgo no Rio De Janeiro Sendo o nome do meu avô Valentin Zanderigo e de minha avó Idalina Turle e,ambos viajaram no porão do mesmo navio vinda da Itália para o Brasil. Por favor ,me ajudem a eu ter alguma informação dos meus avós.
Meu e-mail é SZONDERICO@ HOTMAIL.COM E NAS PAHINAD DO FACEBOOK e do Facebook e da minha página GOOGLE+

Helo disse...

GOSTARIA DE SABER ALGUMA COISA SOBRE MEU BISAVÔ NAZARENO MONTECHIARI, VEIO DA ITÁLIA, COMO IMIGRANTE ITALIANO, E SE FIXARAM NA ÉPOCA AI POR FRIBURGO, CANTAGALO, CORDEIRO, NEM SEI SE EXISTIA ESSAS CIDADES, ACHO QUE NÃO, MAS, FRIBURGO SIM, O NOME DELE ERA NAZARENO MONTECHIARI, E PRECISANDO DE CERTIDÃO DE CASAMENTO DELE CASADO COM MARIA QUE PASSOU TER O SOBRENOME DE MONCHIARI, E CERTIDÃO DE NASCIMENTO DE ROSA OU ROSALINA MONTECHIARI, SE PUDER AJUDAR AGRADEÇO.

Maria teresa disse...

Gostaria de saber se tem alguma informação sobre a família CARIELLO, que veio de San giovani apiro

Unknown disse...

Gostaria de saber sobre minha avo Maria irene boquimpani .

Unknown disse...

Gostaria de informação sobre a Família Topini aqui de Nova Friburgo. O nome do meu Tata era Nazareno Topini. Alguém?

Unknown disse...

Gostaria de informação sobre a Família Topini aqui de Nova Friburgo. O nome do meu Tata era Nazareno Topini. Alguém? Meu email: brunopcarvalho0606@gmail.com

Celso Abreu disse...

Olá Helo

Tive um primo casado na família Montechiari.
Nazareno Montechiari teria nascido por volta de 1880, em Carbucoro, Macerata, Marche, Itália, e se casou com Maria Mangaritini.
Era filho de Luigi Montechiari e Escolástica Fortuna, que tiveram pelo menos nove filhos:Palma 1867-1958, Aneta 1870, Maria 1873-1940 (casada com Carlos Badini), Achille 1875-1939, Carola 1875 (casada com um Storani?), Nazareno 1880 (casado com Maria Mangaritini), Lucia -Cerca de 1880 (casada com Firmino Badini), Vicenzo 1882 (casado com Roza) e Eugenio - Cerca de 1882 (casado com Adelaide Badini).
Também tive parente casado na família Badini.
Fico à sua disposição para troca de mais informações, através do e-mail: celsokropf@hotmail.com

mourakatia disse...

Alguém, por acaso, sabe algo sobre meu bisavô José Honório Spindola ou Espíndola. Até onde se sabe, viveram em Silva Jardim e depois foram para Nova Friburgo na década de 1890. José foi casado com Balbina Rosa Espíndola, filha de José Dias da Rosa e Anna Maria da Conceição, de Barra de São João. José Honório e Balbina tiveram 5 filhos: Oscar, Ottilia, Deolentina (minha avó) Joventina e Deolindo. Do meu bisavô só sei que a mãe dele se chamava Maria Antônia dos Santos. Quem puder ajudar agradeço. Meu e-mail: kamour.km@gmail.com

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